O
calor é movimento
A idéia
de que o calor seja um tipo de movimento interno de um corpo material,
e não uma substância, como supuseram Black e outros, ocorreu
pela primeira vez a um soldado professor e foi substanciada por experiências
realizadas em uma fábrica de armas. Benjamim Thompson nasceu em
Massachusetts e, em sua juventude, participou da guerra civil. Mais tarde,
filiou-se à Inglaterra e cedo tornou-se secretário de estado
no Ministério das Colônias. Ainda mais tarde foi para a Baviera
como ministro da guerra, recebendo o título de Conde Rumford pela
reorganização do exército alemão. Em meio
a todas essas atividades militares, interessava-se profundamente pelos
problemas científicos, especialmente pela natureza do calor.
Não
estava satisfeito com o ponto de vista contemporânea, segundo o
qual o calor era uma substância, não diferindo de todas as
demais substâncias químicas, que se unia ao gelo para produzir
água (gelo + calor = água) ou liberada em vários
processos de combustão. A razão para estas dúvidas
era o fato de o calor ser produzido "do nada" em processos de
atrito que, aparentemente, nada tem a ver com a transformação
química. Observando a perfuração da alma dos canhões
na fábrica de munições de Munique, entrigava-o o
fato de a peça de fundição ficar tão aquecida,
especialmente quando a broca estava cega.
Considerou a possibilidade de
os corpos materiais poderem ter maior capacidade para o fluido calórico
quando sob a forma de um bloco sólido do que quando quebrados em
fragmentos pequenos; isso explicaria a liberação do calor
durante a perfuração dos canhões, quando são
produzidas grandes quantidades de aparas de torno. Ele mediu cuidadosamente
a capacidade calorífica de um bloco sólido de metal e de
um peso iqual de aparas de torno e constatou serem exatamente iguais.
Tentou comparar o peso dos corpos quentes com seu peso quando frios, em
um esforço para descobrir o peso do calor que escapasse, mas chegou
a resultado negativo.
De acordo com as cifras apresentadas em seu artigo publicado em London
Philosophical Transactions (1799), uma caloria não pode pesar mais
de 0,000013 mg. Sabemos hoje que qualquer forma de energia possui uma
massa ponderável que é obtida de acordo com a famosa relação
de Einstein, por sua divisão pelo quadrado da velocidade da luz.
O peso de uma caloria é na realidade 0,00000000004 mg, que está
muito além da precisão de quaisquer medições.
Tudo isso levou à conclusão de que o calor não podia
ser uma substância comum, devendo ser alguma forma de movimento.
Escreveu ele: "Que é calor ? Não pode ser substância
material. A mim me parece difícil, senão assaz impossível,
imaginar o calor como outra coisa que não o que nesta experiência
(perfuração de canhões) foi continuamente suprido
à peça de metal, ao aparecer o calor, a saber, o movimento".
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