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Câmera Fotográfica

Data da última atualização : 24/01/2008

Como se forma a imagem na câmera fotográfica ?

As várias figuras que ilustram esta página  mostram-nos claramente como se  forma a imagem na câmera fotográfica. O que dizemos desta é aplicável ao olho humano. Em ambos encontramos uma câmera escura, uma ou várias lentes na parte anterior e uma chapa ou alvo na parte posterior. Toda a luz que entra na Câmera passa através da lente ou lentes, as quais a projetam invertida sobre o alvo, como se vê nas figuras. No caso do olho, não podemos explicar satisfatoriamente como é que o alvo pode reproduzir a luz que recebe e muito menos imaginar sequer  de que modo o nervo que vai até ao cérebro comunica a este o que se passou no alvo.

Esquema demostrativo das partes que compõem o Olho Humano !
Esquema de funcionamento de um câmera fotográfica simples !
Tratando-se, porém, da câmera fotográfica, a explicação é muito simples. Bastará que tomemos uma chapa de vidro com uma película  de gelatina, cobrindo-a com uma delgada camada de um composto químico que seja suscetível de se alterar pela ação da luz, como o sal de prata, por exemplo. Desta maneira, em qualquer ponto onde a luz toque, a referida camada decompõe-se e onde a luz for mais viva a decomposição será mais intensa.

Que é que se passa dentro da câmera fotográfica ?

Um objeto branco, como um colarinho, envia até à chapa ou película uma luz branca muito viva e destrói por completo a camada de sal sobre a qual se projeta.  Submetendo em seguida a chapa ou película a uma operação com o fim de impedir que a luz possa tornar a decompor a substância que a cobre, observaremos então nela certos espaços escuros correspondem às partes mais iluminadas e brilhantes do objeto que estamos fotografando, e vice-versa.

A luz que vem do objeto, é a sua imagem, fica impressa em negro, e as partes em que não há nada para fotografar aparecem em branco. Como nesta operação tudo se nos revela ao contrário do que realmente é, chamamos a esta chapa, negativo.  Depois fazemos com que a luz, filtrando-se, por assim dizer, através desse negativo, impressione um papel sensível, obtendo-se assim um positivo, no qual, naturalmente, as partes claras e escuras correspondem exatamente às do objeto. Foto quer dizer luz e grafia, escrita, de maneira que a palavra fotografia significa escrita por meio da luz.

Por que as lentes de aumento ampliam os objetos ?  

Estas gravuras ensinam-nos a razão. O que acontece, quando olhamos, por exemplo, para uma folha, é que os raios de luz que esta nos envia chegam juntos aos nossos olhos; mas, se nos servimos de uma lente, os raios quebram-se ao atravessá-la, da mesma forma que um compasso parece quebrar-se quando o introduzimos num copo com água. Quando os raios luminosos chegam aos olhos, imagina-se que eles vêem diretamente desde seu ponto de origem, ou seja, na direção indicada pela linha interrompida desta gravura.

Formação de imagem virtual em uma lente convergente !
O que vemos realmente são os raios de luz, e, como estes não podem passar através de uma lente de aumento (como através de um pedaço qualquer de vidro comum), quebram-se; e tudo acontece, então como se o olho, depois de concentrar todos os raios num ponto, emitisse de novo em forma de feixe divergente, em cuja extremidade vemos a imagem amplificada do objeto. Assim, pois, o que vemos através da lente de aumento não é a folha, mas os raios de luz, refletidos primeiro por ela, quebrados depois pela lente, e finalmente espalhados pelo olho. Se deixarmos que os raios de luz continuem seu caminho, acontece um fenômeno curioso. Podemos realizar esta experiência com o auxílio de uma lente biconvexa, invertida, por que os raios de luz continuam a trajetória em linha reta, depois de se cruzarem no foco.
Formação de imagem real em uma lente convergente !

Na gravura superior o cruzamento dos raios efetua-se dentro do olho; mas, na inferior, vemos que se cruzam a certa distância da lente.

Por que as imagens aparecem invertidas dentro da câmera fotográfica ?

Formação de imagem em uma câmara escura !
Quando um raio de luz atravessa um cristal biconvexo, como o que se vê nas figuras, desvia-se para a parte mais grossa da lente, que é o nome que recebe o pedaço de cristal, e se repararem, verão que, quando os raios saem da lente, os que eram superiores à entrada passam a ser inferiores na saída e reciprocamente. Da mesma maneira, os que entrarem na lente pelo lado esquerdo sairão pela direita e vice-versa. Ora, em nosso olho se passa exatamente o mesmo que na câmera fotográfica: há uma lente à entrada e uma chapa sensível na parte posterior; a única diferença é que esta chapa não se substitui. Os raios de luz seguem, ao penetrar no olho, a mesma lei que em qualquer câmera; de sorte que as imagens que vemos projetam-se invertidas sobre a chapa do olho, que tem o nome de retina. Entretanto, apesar disto, nós vemos as imagens direitas.

Por que não vemos as imagens invertidas ?

Muitos leitores não se satisfarão com a resposta a esta pergunta. Trata-se, na realidade, de uma questão bem difícil, para a qual se têm imaginado muitas explicações, cada qual mais inverossímil. Há quem diga que vemos as coisas invertidas, mas que o hábito e a experiência fazem com que as imaginemos na sua verdadeira posição! Em defesa desta teoria tem-se chegado dizer que as pessoas cegas de nascença, quando recuperam a vista, já crescidas, por meio de uma operação cirúrgica, vêem os objetos invertidos. Mas, em verdade, não é isto o que sucede, pois ninguém vê para baixo o que está para cima, mas sim cada coisa tal qual está. O que acontece é que, como as criancinhas, não podendo apreciar, por falta de hábito, a distância a que os objetos se encontram, estendem o braço para apanhar certas coisas que estão fora do seu alcance.

A verdadeira resposta a esta pergunta, que tem preocupado tantas inteligências, é que a própria pergunta é disparatada, porquanto a visão é um ato mental, e a mente não é qualquer coisa que ocupe um lugar no espaço, como uma cadeira ou nosso próprio corpo. O que nós pensamos é que, em certo lugar do nosso cérebro, onde se verifica realmente visão, está uma pessoa de pé contemplando a imagem projetada sobre a retina; e como essa imagem aparece invertida, estranhamos que ela não seja vista invertida também. Mas não há razão alguma que nos autorize a comparar a mente com uma pessoa colocada em qualquer posição. Mesmo supondo que a mente era uma pessoa, com que direito podemos dizer que ela está de pé ? Se nós lembrássemos de afirmar que estava de cabeça para baixo ( hipótese que de resto resolveria o problema, pois então se formaria na sua retina uma imagem direita ), quem poderia nos contradizer ? O ser que vê é a mente. Qual é a sua natureza e como vê ?  Ninguém pôde dizê-lo ainda.

Por que vemos os objetos ampliados quando os olhamos através de uma lente de aumento ?

As leis que satisfazem a esta pergunta são, na realidade, as mesmas que nos explicaram a pergunta anterior. Se pegarem numa lente de aumento e a colocarem a uma distância bastante grande dos olhos, verão diminuídos e invertidos os objetos colocados atrás da lente. Isto é exatamente a mesma coisa que se passa no olho humano e na câmera fotográfica. Mas se olharem através da mesma lente de aumento pouco levantada sobre esta página, em vez de verem uma imagem pequena invertida, verão uma imagem maior e direita. Isto acontece porque interpuseram o olho no caminho seguido pelos raios que emergem da lente antes de se cruzarem, talvez precisamente no ponto de encontro. O olho, neste caso, supõe em ver as letras muito maiores do que são na realidade, porque tudo se passa como se os raios luminosos tivessem a direção indicada na linha ponteada da figura. Mas se afastarem o olho da lente até receber os raios de luz depois de se terem cruzado, tudo mudará de aspecto. Peguem numa lente de aumentar e verifiquem praticamente os fenômenos que acabamos de expor.

Por que vemos uma mancha negra no céu, depois de olharmos para o Sol ?

Dissemos, há instantes, que a retina, o chapa sensível do olho, não precisa ser substituída. Podemos ver muitas imagens seguidas, dia após dia, ano após ano. Mas não convém obrigá-la a trabalhar demasiadamente; é um órgão vivo e, precisamente por isso, pode repor-se e, por assim dizer, reconstituir-se de novo, se lhe demos tempo para cada nova imagem que precisamos ver.

A chapa fotográfica vê por que certos compostos químicos, estendido sobre sua superfície, são alterados pela luz. A retina vê de um modo parecido, mas, como é viva, pode

refazer a cada instante, por si mesma, a substância especial sobre a qual a luz atua.

Mas se fixarmos uma luz tão intensa como a do Sol, os sítios da retina feridos pelos raios luminosos demasiadamente vivos fatigam-se, perdem por alguns momentos a sensibilidade; e se  dirigirmos a vista para qualquer outro lugar, como esses pontos estarão temporariamente cegos, nada veremos com eles.

Esta cegueira momentânea, quando o resto da retina vê a luz, dá-nos a sensação de uma mancha negra, quer dizer, de um espaço do qual não nos vem luz alguma. Contudo, segundos depois, a chapa viva refaz-se, faz nova provisão de substância impressionável e a mancha negra desaparece.


Fonte(s) : 1.Coleção Tesouro da Juventude - W.M.Jackson, INC. Editores
2.Física - Robortela, Avelino e Edson - Editôra Ática

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